Pastoras gays pregam teologia inclusiva

27-06-2011 17:52
27 de junho de 2011 - 06:59
Luciano Amarante
Pastoras gays pregam teologia inclusiva
Lanna e Rosania são as fundadoras da Comunidade Cidade do Refúgio
Pastoras gays pregam teologia inclusiva
Marcela Fonseca

Baseado no conceito da teologia inclusiva, um casal de pastoras gays acaba de abrir uma igreja evangélica na Capital para acolher homossexuais. Em três semanas, a Comunidade Cidade de Refúgio, no bairro da Santa Cecília, no Centro, viu o número inicial de membros subir de 20 para cerca de 70 pessoas.

“A igreja tem esse intuito e embora seja evangélica aceita homossexuais e entende a relação homoafetiva por meio da teologia inclusiva”, diz Lanna Holder.

Em um templo com capacidade para 300 pessoas, a líder da igreja, Lanna, tem visto seu trabalho crescer ao falar do amor de Deus não só para homossexuais, mas também para heterossexuais.

“Isso mostra a necessidade do público que temos como alvo. Não tem nenhum lugar para acolhê-los e eles correm para cá. Receio que talvez não consigamos ficar aqui (referindo-se ao endereço atual) por muito tempo”, disse ela.

Pregando em púlpito cristão protestante e pentecostal, Lanna afirma não ter mais nenhuma ligação com o segmento evangélico tradicional. “Somos dissidentes do povo evangélico, eles nos acusam de sermos hereges, a Sodoma e Gomorra do século 21, e sobre esses ataques que temos nos levantado”, disse, ressaltando o propósito de sua igreja.

“Recebemos pessoas que querem adorar a Deus do jeito que são, gente que cansou de passar por processos para mudar a sexualidade. Levantamos a bandeira do amor”, completou.

Casamento está nos planos das pastoras

Convencidas de que processos propostos pela igreja evangélica não as fariam mudar de opção, Lanna Holder e Rosania Rocha decidiram investir na relação homoafetiva e planejam se casar. “Nossa história tem nove anos, mas estamos juntas há quatro”, disse Rosania. “Igrejas sempre tentaram exercer a mudança. Me converti em 1995 com a ideia de ver minha sexualidade transformada. Desde então vinha tentando.” Ela diz que abandonou álcool e drogas. “Mas com a sexualidade não conseguia lidar.”

Segundo Lanna, embora sua orientação nunca tivesse sido invertida, se dizia transformada. “O que causou polêmica foi o fato de ter dito que tinha sido transformada e hoje aparecer ao lado da minha companheira e à frente de uma igreja evangélica”, diz.